O dilema das redes: de quem é a responsabilidade. Por: Lizie Sancho
Você tem algum amigo ou familiar tão próximo que parece que lê seus pensamentos e sabe de tudo o que você gosta? Aquele que, ao você pensar em fazer ou comprar algo, ele já tem pra oferecer? Esse tipo de conhecimento sobre o outro é difícil de alcançar, não é?! Não para os algoritmos presentes nas redes sociais.
Tema do documentário “O Dilema das Redes”, a privacidade dos nossos dados é debatida por ex-funcionários de grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício, como Tim Kendall (ex-diretor de monetização do Facebook) e Tristan Harris (ex-designer ético do Google), que revelam como as redes sociais utilizam essas informações para monetizar seus negócios.
Para que esse sistema funcione, empresas como Facebook, Google e Twitter procuram manter o usuário entretido o máximo de tempo possível, tendo o objetivo de identificar quais são as suas necessidades e os seus desejos, para que essas informações possam ser comercializadas a possíveis anunciantes. Esse ato de análise das interações é conhecido como mineração de dados, justamente pela preciosidade do conteúdo coletado.
Em alguns momentos você pode ter se questionado sobre a possibilidade do seu celular estar “escutando” as suas conversas, por sugerir produtos os quais iria buscar mais tarde, mas você sabia que apenas 10 curtidas são suficientes para identificar traços da sua personalidade? Que, até mesmo quando não se participa de redes sociais, informações sobre você podem ser coletadas através das postagens dos seus amigos ou da sua lista de contatos de um aplicativo para conversas instantâneas? Pois é, o documentário surgiu, então, como uma maneira de alertar sobre os riscos que corremos ao participar dessas redes, que, através da análise do perfil psicológico do usuário, podem influenciar o seu comportamento, como foi questionado sobre as eleições norte-americanas em 2016.
Manter um perfil nas redes sociais também pode trazer vantagens, como, por exemplo, nos processos de recolocação profissional. O que se busca com essa discussão, na verdade, é a criação de meios para que a sociedade, as instituições e o Estado dialoguem de forma a proteger os dados e a saúde mental e financeira dos seus cidadãos. Então, vale a pena conferir “O Dilema das Redes” e perceber que essa responsabilidade é de todos nós.
Lizie Sancho, doutoranda e professora do curso de Publicidade e Propaganda da FAS.
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